As expectativas do mercado financeiro em relação à trajetória da Selic sofreram uma reavaliação nesta semana após declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, e a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). O Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (6), apontou uma revisão para cima nas estimativas de juros ao fim de 2025, indicando menor espaço para cortes do que se projetava anteriormente.
Agora, a mediana das projeções aponta a Selic em 9,63% no final de 2025, ante 9,50% na leitura anterior. O movimento reforça o entendimento de que o ciclo de flexibilização monetária pode estar próximo do fim — ou até mesmo sujeito a uma inversão, caso os riscos inflacionários se intensifiquem.
Sinalização firme do BC impacta expectativas
A ata do Copom reforçou o tom mais conservador da autoridade monetária, destacando preocupações com a resiliência da inflação de serviços, os efeitos defasados da política monetária e o ambiente internacional ainda instável. A mensagem foi reforçada por Galípolo, que alertou que os efeitos dos cortes anteriores ainda não foram totalmente absorvidos pela economia, e que o cenário exige prudência.
Essas sinalizações foram suficientes para que economistas recalibrassem suas projeções, reduzindo o otimismo quanto a novos cortes relevantes nos juros no médio prazo.
Inflação e fiscal seguem como entraves
Além da inflação, que se mostra persistente em itens como serviços, alimentação fora do domicílio e educação, a fragilidade fiscal segue no radar dos analistas. A percepção de risco aumenta o prêmio exigido pelos investidores para financiar a dívida pública, o que dificulta um ciclo de afrouxamento monetário mais agressivo.
Sem avanços claros na consolidação fiscal e com o real pressionado pelo cenário externo, o Banco Central pode se ver obrigado a manter a Selic em níveis mais elevados por mais tempo.
Perspectivas: fim de ciclo mais perto do que o esperado
O novo cenário que se forma sugere que o alívio monetário deve ser mais curto e contido do que o mercado precificava meses atrás. A dúvida agora é se o Copom vai manter a taxa estável por tempo prolongado ou se, diante de novas pressões inflacionárias, poderá voltar a subir os juros.
A mensagem da autoridade monetária é clara: não há espaço para euforia, e o equilíbrio entre crescimento e estabilidade de preços segue como prioridade absoluta.