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Ayrton Senna: 31 anos da morte de um ídolo que uniu genialidade, fé e humanidade

Ayrton Senna: 31 anos da morte de um ídolo que uniu genialidade, fé e humanidade

Trinta e um anos após sua morte em Ímola, Ayrton Senna segue sendo mais do que um ícone do automobilismo. Sua trajetória, marcada por talento, fé, disciplina e paixão pelo Brasil, ultrapassou as pistas e transformou-se em um legado de inspiração, humanidade e transformação social.

Em 1º de maio de 1994, às 14h17 do horário italiano, a Fórmula 1 e o Brasil perderam Ayrton Senna. Tricampeão mundial, lenda viva das pistas, símbolo de excelência, disciplina e patriotismo. Sua morte, durante o GP de San Marino, não foi apenas o fim de uma carreira gloriosa — foi o colapso de uma era. Uma era em que um brasileiro emocionava milhões, não apenas pela velocidade, mas pela postura, pelos valores e pela maneira como carregava um país nas costas.

Trinta e um anos depois, Senna permanece tão vivo quanto eterno.

Infância, família e os primeiros giros do volante

Nascido em 21 de março de 1960, no bairro Santana, em São Paulo, Ayrton Senna da Silva cresceu cercado por afeto e incentivo. Filho de Milton da Silva, empresário e entusiasta do automobilismo, e Neyde Senna, Ayrton demonstrava coordenação motora incomum desde muito novo. Aos quatro anos, já pilotava um kart improvisado no quintal de casa.

Aos 13, iniciou sua carreira no kart profissional. Nos anos seguintes, venceria campeonatos paulistas, brasileiros e sul-americanos, embora nunca tenha conquistado o título mundial da categoria — algo que ele mesmo lamentaria ao longo da vida. Mas o talento estava ali. E transbordava.

O salto para a Europa e a lapidação do mito

Ayrton sabia que, para chegar à Fórmula 1, teria que deixar o Brasil. Em 1981, foi para a Inglaterra, berço do automobilismo competitivo. Ali, venceu a Fórmula Ford 1600, a Fórmula Ford 2000 e, em 1983, a Fórmula 3 britânica, derrotando nomes que também brilhariam na F1, como Martin Brundle.

Sua estreia na Fórmula 1 aconteceu em 1984 pela equipe Toleman. E mesmo com um carro fraco, brilhou. Seu segundo lugar em Mônaco, sob chuva intensa, ficou para a história. A McLaren venceu, mas o mundo viu nascer um fenômeno.

O domínio nas pistas e a construção da lenda

Senna passou pela Lotus, onde acumulou poles e vitórias, e finalmente chegou à McLaren, onde viveu seu auge. Entre 1988 e 1993, conquistou três títulos mundiais (1988, 1990 e 1991), travou batalhas épicas com Alain Prost, e elevou o nível técnico da F1. Suas poles em pistas molhadas, seu controle cirúrgico e sua obsessão por acerto milimétrico marcaram gerações.

Seu estilo agressivo e espiritualizado dividia opiniões, mas arrebatava corações. No Brasil, virou herói. No mundo, referência.

O Senna fora das pistas: religiosidade, humanidade e disciplina

Senna era um homem de fé. Evangélico, orava antes de cada corrida, lia a Bíblia com frequência e acreditava que seu dom vinha de Deus. A espiritualidade guiava suas decisões — até mesmo no cockpit.

Disciplinado até os mínimos detalhes, cuidava do corpo com zelo: alimentação regrada, treinos intensos e repouso cronometrado. Fora das pistas, era reservado. Discreto, fugia de badalações, preferia o contato com a natureza, o mar, a velocidade de jet skis ou a calmaria de Angra dos Reis.

Amava crianças, praticava filantropia silenciosa e tinha orgulho de suas raízes. Isso ficaria ainda mais evidente após sua morte, quando sua família revelou que ele já destinava parte significativa dos seus rendimentos para ações sociais — base do hoje renomado Instituto Ayrton Senna, que transformou a vida de milhões de crianças em situação de vulnerabilidade.

Relações, amores e o homem por trás do capacete

Apesar de reservado, Ayrton viveu relacionamentos que atraíram atenção da mídia e marcaram sua trajetória:

  • Liliane Vasconcelos foi seu primeiro casamento, realizado ainda no início dos anos 1980. A união durou pouco, e Ayrton raramente falava sobre ela publicamente.

     
  • Em seguida, teve um relacionamento duradouro com Xuxa Meneghel, iniciado em 1988. A apresentadora sempre declarou que ele foi um grande amor de sua vida. A relação terminou por conta de agendas incompatíveis, mas o carinho permaneceu.

     
  • Nos anos 1990, Senna namorou Adriane Galisteu, então modelo desconhecida. Estavam juntos na época do acidente em Ímola. O relacionamento foi muito criticado pela alta sociedade e até por parte da família de Senna, que não aceitava Galisteu. Mas Ayrton, fiel ao que acreditava, manteve a relação até o fim.

     

Apesar das pressões externas, Senna viveu seus relacionamentos com intensidade e afeto — e deixou claro que não permitiria que sua vida pessoal fosse moldada por convenções sociais ou interesses de terceiros.

Ímola: o ponto final mais injusto da F1 moderna

O final de semana de Ímola, em 1994, foi trágico desde o início. Na sexta-feira, Rubens Barrichello sofreu um grave acidente. No sábado, o austríaco Roland Ratzenberger morreu após bater de frente contra o muro. No domingo, foi Senna.

Na sétima volta da corrida, o carro da Williams saiu reto na curva Tamburello. A barra de suspensão dianteira atingiu sua cabeça. O impacto foi fatal. Ele morreu às 34 anos, ainda com o Brasil na alma e o capacete amarelo sob o céu da Itália.

A morte de Senna foi acompanhada por milhões de pessoas em todo o mundo. O Brasil parou. Seu velório em São Paulo reuniu uma multidão. Choros, aplausos, silêncio. Um país inteiro perdeu o fôlego.

O homem que mudou a Fórmula 1

A morte de Senna foi um divisor de águas na história do automobilismo. A FIA implantou mudanças profundas em segurança: estruturas reforçadas, áreas de escape maiores, testes de impacto mais rígidos, telemetria em tempo real. A Fórmula 1 pós-Senna é mais segura porque ele partiu.

Senna vive: nos muros, nos corações, no futuro

Ayrton Senna não foi apenas o maior piloto da história do Brasil. Foi o homem que, com um capacete amarelo e uma bandeira na mão, fez um país desacreditado sentir orgulho de si. Foi o brasileiro que olhava para o céu com os olhos marejados, falava com Deus e acelerava como ninguém.

Seu legado vive no Instituto que leva seu nome, nas novas gerações de pilotos, nos domingos de lembrança, e em cada curva onde a coragem ainda resiste.

Libertom News presta esta homenagem não pela saudade, mas pela responsabilidade de manter viva a memória do homem que correu pelo Brasil.

Ayrton Senna, 31 anos depois, ainda acelera corações.

Vitor Polinski

Vitor Polinski

Vitor Gabriel Polinski é Sócio e COO da Libertom LLC, além disso é redator da Libertom News, trazendo análises aprofundadas sobre liberdade financeira, tecnologia e mercados digitais. Com experiência em marketing estratégico e gestão empresarial, seu foco é traduzir temas complexos em insights acessíveis, conectando inovação e conhecimento para a nova economia.