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Ibovespa recua com pressão do petróleo e expectativa por juros no Brasil e nos EUA

Ibovespa recua com pressão do petróleo e expectativa por juros no Brasil e nos EUA

Queda nas ações da Petrobras e cautela pré-Copom e Fed levaram índice a perder suporte dos 134 mil pontos

O Ibovespa encerrou a sessão desta segunda-feira (5) com queda de 1,21%, aos 133.491 pontos, em um movimento influenciado por fatores externos, como a desvalorização do petróleo, e internos, especialmente a cautela dos investidores antes da decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Federal Reserve dos EUA. O movimento marca uma reversão parcial do otimismo recente e reabre discussões sobre o equilíbrio fiscal e o impacto das decisões monetárias sobre os ativos de risco.

Petróleo em queda e impacto nas ações da Petrobras

A desvalorização do petróleo no mercado internacional foi um dos principais vetores da baixa no pregão. O barril do Brent recuou mais de 2%, pressionado pela decisão da Opep+ de aumentar a produção a partir de junho, elevando a oferta global em um cenário de demanda ainda incerta. A cotação da commodity fechou o dia abaixo dos US$ 83.

Essa movimentação penalizou fortemente as ações da Petrobras, que caíram 2,63% (PETR4) e 2,17% (PETR3). A estatal ainda anunciou uma nova redução de 4,7% no preço do diesel nas refinarias, o terceiro corte em 2025, medida que reforça preocupações sobre a rentabilidade da companhia em um ambiente de preços mais baixos.

Mercado em compasso de espera pela “Super Quarta”

Os investidores operam com forte cautela à espera da chamada “Super Quarta”, quando o Copom e o Federal Reserve anunciarão suas respectivas decisões sobre as taxas básicas de juros.

No caso brasileiro, a expectativa majoritária do mercado é de manutenção da Selic em 10,50%, mas há dúvidas sobre o tom do comunicado, diante de um cenário fiscal mais desafiador e com inflação em desaceleração moderada. O Boletim Focus divulgado nesta manhã reduziu ligeiramente a projeção da Selic para o fim de 2025, de 9,00% para 8,75%.

Nos Estados Unidos, a aposta é de manutenção da taxa entre 5,25% e 5,50%, mas o foco estará no comunicado do Fed. A autoridade monetária americana precisará equilibrar sinais mistos da economia — com resiliência do mercado de trabalho e inflação persistente — em meio ao aumento das tensões comerciais, após o governo americano anunciar novas tarifas sobre setores culturais e industriais.

Repercussões nos mercados

O dólar comercial subiu 0,63%, a R$ 5,689, refletindo maior aversão ao risco. No mercado de juros futuros, houve avanço em todos os vértices da curva, com os DIs precificando uma postura mais conservadora do BC.

Nos EUA, os principais índices de ações também registraram queda, com o S&P 500 recuando 0,30%, em um contexto de menor apetite por risco global.

Perspectivas

O desempenho do Ibovespa nesta segunda-feira reflete a sensibilidade dos mercados a uma combinação de choques de oferta e incerteza monetária. A volatilidade deve permanecer elevada ao longo da semana, com foco na sinalização do Copom e do Fed, além de dados domésticos como o IPCA de abril e a temporada de balanços, com destaque para Itaú, Bradesco e Embraer.

Em um cenário onde o espaço para cortes de juros pode se estreitar e a política fiscal segue sem âncoras claras, o investidor tende a buscar proteção, realocando parte do capital para ativos mais defensivos ou dolarizados. O resultado é um Ibovespa vulnerável, especialmente em momentos de aversão global ao risco.

 

Vitor Polinski

Vitor Polinski

Vitor Gabriel Polinski é Sócio e COO da Libertom LLC, além disso é redator da Libertom News, trazendo análises aprofundadas sobre liberdade financeira, tecnologia e mercados digitais. Com experiência em marketing estratégico e gestão empresarial, seu foco é traduzir temas complexos em insights acessíveis, conectando inovação e conhecimento para a nova economia.