A inflação no Reino Unido continua em ascensão, desafiando o Banco da Inglaterra (BOE) a ser cauteloso em relação ao corte das taxas de juros. Embora as pressões salariais e os preços em serviços permaneçam elevados, a economia estagnada limita ações mais rápidas para reduzir as taxas.

A inflação no Reino Unido está novamente em alta, o que deve influenciar o Banco da Inglaterra (BOE) a manter uma postura cautelosa quanto à redução das taxas de juros. Dados recentes indicam que os preços ao consumidor provavelmente atingiram o maior nível dos últimos 10 meses, com um aumento de 2,8% em relação ao ano anterior, impulsionado principalmente pelo aumento nas mensalidades de escolas particulares e pela reversão de fatores voláteis que haviam atenuado a inflação em dezembro.

Esse ressurgimento das pressões de preços aumenta a preocupação entre os membros do BOE, especialmente em um momento em que a economia britânica está estagnada. Embora o banco central tenha flexibilizado as taxas de juros no início de janeiro, dois membros do comitê chegaram a apoiar uma redução mais agressiva, de meio ponto percentual. Contudo, a maioria ainda defende um ajuste mais cauteloso, dado o cenário de inflação persistentemente alta.

O foco do BOE agora está nas pressões subjacentes, como a inflação dos serviços, que subiu de 4,4% para 5,2%, impulsionada por componentes mais voláteis, como passagens aéreas e taxas escolares. Essas altas nos preços são um reflexo de uma economia ainda vulnerável, onde o crescimento salarial também tem sido um fator importante. Dados do mercado de trabalho apontam para um aumento no crescimento salarial, excluindo bônus, que subiu para 5,9% no quarto trimestre.

Embora o governo do Reino Unido espere que os preços ao consumidor alcancem um pico de 3,7% até o final do ano, a recuperação da inflação continua a ser uma preocupação significativa, já que as pressões salariais são consideradas fortes demais para permitir que o BOE mantenha a inflação perto de sua meta de 2%.

No entanto, enquanto o cenário britânico apresenta desafios econômicos, outras regiões, como Austrália e Nova Zelândia, estão vendo uma flexibilização nas políticas monetárias com cortes de taxas. O mercado de trabalho global também será monitorado de perto nesta semana, com os investidores aguardando por dados importantes, como o comportamento do mercado imobiliário nos EUA e as expectativas de inflação.

Ao mesmo tempo, a tensão causada pela ameaça de tarifas comerciais imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, continua a influenciar as decisões dos bancos centrais em todo o mundo. As decisões sobre taxas de juros na Ásia e nas economias emergentes, como o Banco do Canadá e o Banco do México, também estarão no radar, à medida que os mercados se ajustam a esse cenário global incerto.

Com a inflação ainda resiliente e uma economia estagnada, a trajetória dos cortes de juros pelo BOE provavelmente será mais lenta, com expectativas de mais três reduções de 25 pontos base em 2025, segundo analistas da Bloomberg Economics. Enquanto isso, os investidores continuarão a monitorar os dados econômicos globais e os desenvolvimentos comerciais internacionais, que podem trazer mais volatilidade aos mercados financeiros.

 

 
 
 
Carlos Pérez

Carlos Pérez

Carlos tem vasta experiência em mercados emergentes, analisando e relatando os movimentos que influenciam a economia global . Seu foco está em identificar tendências que possam gerar oportunidades de investimento.