Em meio à intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (23) que, embora o conflito possa ter efeitos deletérios sobre o crescimento econômico global, não há risco de recessão no Brasil. Durante evento da CNN Brasil, Haddad destacou que a disputa tarifária entre as duas maiores economias do mundo não é sustentável e que o Brasil possui fundamentos sólidos para enfrentar os desafios decorrentes desse cenário.
Impactos da guerra comercial
A imposição de tarifas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses e de outros países tem gerado preocupações nos mercados internacionais. No Brasil, embora o país não seja alvo direto das medidas, há receios quanto aos efeitos indiretos, como a queda nos preços das commodities e a desaceleração do comércio global.
O dólar, por exemplo, tem apresentado volatilidade, refletindo as incertezas do mercado. No último dia 16, a moeda americana fechou em R$ 5,8650, influenciada pelas tensões comerciais e por fatores internos, como preocupações fiscais.
Resiliência da economia brasileira
Apesar dos desafios, Haddad ressaltou que o Brasil está em uma posição relativamente favorável para enfrentar a turbulência global. O país possui reservas cambiais robustas, um saldo comercial positivo e uma supersafra agrícola, fatores que contribuem para a estabilidade econômica.
Além disso, o ministro destacou que o Brasil não possui dívida externa significativa e que a taxa de juros, embora elevada, está sendo utilizada como instrumento para controlar a inflação. Haddad comparou a situação atual com a crise de 2008, afirmando que o país pode passar por este momento de maneira semelhante, com impactos menos severos do que em outras economias.
Posição estratégica do Brasil
O ministro também enfatizou a “posição privilegiada” do Brasil no cenário internacional, devido aos seus vínculos com os principais blocos econômicos do mundo. Essa posição pode permitir que o país se beneficie, em certa medida, das mudanças nas cadeias de suprimentos globais, atraindo investimentos e ampliando sua participação no comércio internacional.
Perspectivas para o crescimento
Apesar das declarações otimistas do ministro, analistas projetam uma desaceleração da economia brasileira no segundo semestre de 2025, influenciada por juros elevados e preocupações com o comércio global. Segundo pesquisa da Reuters com 48 economistas, o PIB do Brasil deve crescer 2,0% em 2025, abaixo dos 3,4% registrados em 2024. Para 2026, a expectativa é de um crescimento ainda menor, de 1,6%.
Em resumo, enquanto o governo brasileiro mantém uma postura confiante diante das turbulências internacionais, reconhecendo os desafios impostos pela guerra comercial, a cautela permanece entre os analistas quanto às perspectivas de crescimento econômico no médio prazo.