Fuga Recorde de Dólares: Brasil Perde US$ 15,8 Bilhões no Primeiro Trimestre de 2025

Fuga Recorde de Dólares: Brasil Perde US$ 15,8 Bilhões no Primeiro Trimestre de 2025

Esta é a Pior Marca da História.

O Brasil registrou a maior saída líquida de dólares de sua história no primeiro trimestre de 2025, acendendo um alerta sobre a percepção de risco dos investidores em relação ao país. Dados divulgados pelo Banco Central (BCB) revelam que US$ 15,8 bilhões deixaram o país entre janeiro e março, um volume que supera a fuga de capitais observada mesmo durante o período mais agudo da pandemia de Covid-19, em 2020.

O mês de março foi particularmente negativo, respondendo por mais da metade do fluxo de saída trimestral. Sozinho, o mês registrou uma retirada líquida de US$ 8,3 bilhões, estabelecendo o pior resultado mensal já documentado desde o início da série histórica do BCB, em 1982. O recorde anterior para um único mês de março também datava de 2020, quando a saída havia sido de US$ 6,6 bilhões.

A análise detalhada do fluxo cambial mostra que a forte saída foi predominantemente via canal financeiro, que engloba investimentos estrangeiros (diretos e em carteira), remessas de lucros e outras operações financeiras. No acumulado do trimestre, as retiradas por esta via somaram expressivos US$ 23,1 bilhões. Em contrapartida, o canal comercial, reflexo das exportações e importações de bens e serviços, apresentou um saldo positivo de US$ 7,3 bilhões, valor insuficiente para contrabalancear a evasão financeira. O padrão se manteve em março, com saídas de US$ 12,8 bilhões pela conta financeira e entradas de US$ 4,5 bilhões pela conta comercial.

Esse movimento expressivo de aversão ao risco ocorreu em um contexto de elevadas incertezas no cenário global, com destaque para as tensões comerciais envolvendo os Estados Unidos. Durante o mês de março, o mercado internacional aguardava com apreensão a definição das políticas tarifárias do presidente norte-americano, Donald Trump, especialmente sobre medidas recíprocas, que só foram efetivamente anunciadas no dia 2 de abril. Essa expectativa e a falta de clareza sobre o rumo das relações comerciais podem ter contribuído significativamente para a decisão de investidores de realocar recursos para fora do Brasil.

Os dados do Banco Central confirmam, portanto, um início de ano desafiador para a economia brasileira no que tange à atração de capital externo, evidenciando a sensibilidade do país às instabilidades e políticas das grandes economias globais.

Vitor Polinski

Vitor Polinski

Vitor Gabriel Polinski é Sócio e COO da Libertom LLC, além disso é redator da Libertom News, trazendo análises aprofundadas sobre liberdade financeira, tecnologia e mercados digitais. Com experiência em marketing estratégico e gestão empresarial, seu foco é traduzir temas complexos em insights acessíveis, conectando inovação e conhecimento para a nova economia.