EUA querem iniciar novas negociações tarifárias com a China, diz mídia estatal chinesa

EUA querem iniciar novas negociações tarifárias com a China, diz mídia estatal chinesa

EUA sinalizam interesse em retomar negociações tarifárias com a China, segundo mídia estatal chinesa; gesto pode indicar tentativa de distensão em ano eleitoral.

Em meio à crescente tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo, os Estados Unidos demonstraram interesse em retomar o diálogo com a China sobre tarifas e barreiras comerciais, segundo reportagem divulgada nesta quinta-feira (2) pela mídia estatal chinesa China Daily.

A sinalização ocorre em um momento crítico: o governo norte-americano, sob forte pressão política interna, busca reequilibrar sua estratégia comercial sem abrir mão do tom mais firme adotado desde a gestão Trump — que segue influenciando a política externa dos EUA mesmo sob o comando de Joe Biden.

Pressão bilateral e ambiente global conturbado

Segundo a China Daily, autoridades americanas teriam procurado interlocutores chineses para discutir a possibilidade de uma redução mútua de tarifas impostas nos últimos anos. Embora nenhuma rodada formal tenha sido marcada, o gesto é interpretado como tentativa dos EUA de conter os danos colaterais da guerra comercial para setores estratégicos da própria economia americana.

O comércio bilateral entre China e EUA — que ultrapassou US$ 600 bilhões em 2023 — tem sido afetado por tarifas sobre semicondutores, insumos industriais, alimentos e produtos eletrônicos. A pressão de empresas e agricultores norte-americanos tem crescido, exigindo medidas que amenizem os impactos.

China adota tom cauteloso, mas receptivo

O governo chinês ainda não confirmou oficialmente o início das negociações, mas porta-vozes do Ministério do Comércio expressaram abertura para o diálogo, desde que seja baseado em “reciprocidade e respeito mútuo”. A posição da China reflete seu interesse em estabilizar as relações comerciais antes que novas medidas unilaterais dos EUA voltem a escalar o conflito.

Ao mesmo tempo, Pequim reforça sua estratégia de diversificação de parceiros comerciais e incentivo ao consumo interno, reduzindo gradualmente a dependência do mercado americano.

Impactos globais e implicações para emergentes

A possibilidade de reaproximação entre EUA e China pode trazer alívio temporário aos mercados globais, especialmente em setores como commodities, tecnologia e logística. Países exportadores, como o Brasil, também observam com atenção, pois um descongelamento comercial entre as potências tende a reduzir a volatilidade global e facilitar o fluxo de capitais.

No entanto, analistas alertam que a iniciativa pode ser mais simbólica do que estrutural. Com as eleições americanas se aproximando e o discurso protecionista ganhando força, as chances de um acordo amplo e duradouro permanecem limitadas.

Perspectivas: gesto de trégua ou estratégia eleitoral?

Ainda não está claro se o movimento dos EUA representa uma mudança real de postura ou apenas uma tentativa de acalmar pressões internas em ano eleitoral. O fato é que qualquer retomada do diálogo entre Washington e Pequim já é, por si só, um sinal positivo para um sistema comercial global que vive sob ameaça constante de fragmentação.

Vitor Polinski

Vitor Polinski

Vitor Gabriel Polinski é Sócio e COO da Libertom LLC, além disso é redator da Libertom News, trazendo análises aprofundadas sobre liberdade financeira, tecnologia e mercados digitais. Com experiência em marketing estratégico e gestão empresarial, seu foco é traduzir temas complexos em insights acessíveis, conectando inovação e conhecimento para a nova economia.