Retórica Protecionista de Trump Causa Fuga de R$ 8,3 Bilhões da Bolsa Brasileira em Abril

Retórica Protecionista de Trump Causa Fuga de R$ 8,3 Bilhões da Bolsa Brasileira em Abril

Investidores estrangeiros reagem ao agravamento da guerra comercial entre EUA e China, elevando pressão sobre o Ibovespa

O mês de abril vem registrando uma intensa retirada de capital estrangeiro da bolsa brasileira (B3), atingindo R$ 8,6 bilhões até o momento, em resposta direta à escalada das tensões comerciais provocadas pelo presidente norte-americano Donald Trump. Este movimento coloca em alerta investidores locais e autoridades financeiras sobre o possível aprofundamento dos impactos econômicos globais derivados da guerra tarifária.

Segundo dados recentes, a fuga de investidores internacionais ocorreu de forma consecutiva por onze sessões, sendo nove delas especificamente em abril, destacando os dias 4, 7 e 10 como os mais críticos. Este fenômeno acompanha quedas expressivas do Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, que acumulou perdas superiores a 5% nesse período, refletindo diretamente a insegurança dos investidores em relação aos mercados emergentes.

A causa principal desse êxodo de capital está associada ao recente endurecimento das medidas protecionistas adotadas pelos EUA. Inicialmente, Trump havia determinado tarifas agressivas, que chegaram a afetar 185 países com alíquotas entre 10% e 50%. Posteriormente, sob pressão internacional e após turbulências no mercado financeiro global, a Casa Branca recuou parcialmente, suspendendo por 90 dias algumas das tarifas mais duras, mas manteve taxas mínimas de 10% para todos os países, exceto a China, que enfrenta tarifas específicas de até 145%.

O embate entre EUA e China se mostra particularmente sensível para economias como a brasileira, historicamente vulnerável a mudanças repentinas no cenário internacional. Os investidores internacionais costumam adotar posições mais conservadoras diante da escalada das incertezas, sobretudo em mercados considerados mais voláteis. Embora o Brasil ainda registre saldo positivo de R$ 1,9 bilhão em investimentos estrangeiros acumulados no ano, a tendência negativa observada em abril representa um alerta significativo.

Especialistas financeiros destacam que a volatilidade observada atualmente é sintomática de preocupações mais amplas sobre uma possível recessão global, potencializada pela retórica e medidas econômicas protecionistas dos Estados Unidos. Nesse contexto, a bolsa brasileira enfrenta um ambiente adverso, em que o retorno dos investidores estrangeiros depende diretamente da estabilização do cenário econômico internacional e do alívio das tensões comerciais.

Autoridades e analistas econômicos acompanham de perto a evolução desse cenário. A expectativa é que, sem um alívio efetivo das tensões comerciais, o Brasil poderá continuar enfrentando desafios para atrair e reter investimentos estrangeiros significativos nos próximos meses, o que poderia impactar negativamente a recuperação econômica projetada para 2025.

Vitor Polinski

Vitor Polinski

Vitor Gabriel Polinski é Sócio e COO da Libertom LLC, além disso é redator da Libertom News, trazendo análises aprofundadas sobre liberdade financeira, tecnologia e mercados digitais. Com experiência em marketing estratégico e gestão empresarial, seu foco é traduzir temas complexos em insights acessíveis, conectando inovação e conhecimento para a nova economia.