Oposição define 40 cargos em empresas públicas enquanto Parlamento prepara aprovações

A distribuição de cargos nas empresas públicas pelo bloco oposicionista avançou significativamente nesta semana, após o envio formal da lista com 40 designações ao governo de Yamandú Orsi. O documento, assinado pelos líderes Macarena Rubio, Andrés Ojeda, Guido Manini Ríos e Pablo Mieres, detalha a distribuição que prioriza o Partido Nacional e Colorado, refletindo seu peso eleitoral.

Das 40 posições estratégicas, cerca de 20 exigirão aprovação do Senado, processo que já está sendo organizado pela vice-presidente Blanca Rodríguez. Durante a primeira reunião de coordenação sob sua liderança, ficou acordado que as votações ocorrerão assim que as indicações chegarem ao Parlamento, podendo inclusive ser convocada uma sessão extraordinária se necessário.

Paralelamente, nas sessões programadas para esta semana, o Senado deverá apreciar as 21 designações do partido governista para completar a formação dos diretórios das empresas públicas com nomes alinhados a Orsi.

A estratégia adotada pela oposição permite que cada partido e seus respectivos setores internos possam definir nomes sem um prazo peremptório, facilitando designações provisórias em alguns casos, enquanto outros aguardam definições que devem ocorrer até maio.

Distribuição de poder reflete equilíbrio eleitoral

A distribuição das 40 posições segue majoritariamente critérios de representatividade eleitoral. O Partido Nacional ficará com 22 cargos, enquanto o Partido Colorado ocupará 14 posições. Já o Cabildo Aberto e o Partido Independente terão dois representantes cada, com os liderados por Mieres recebendo uma compensação adicional após manifestarem discordância sobre o método de alocação baseado no quociente eleitoral.

Nomes de peso nas principais estatais

Fontes do Partido Nacional confirmaram ao jornal O Observador que entre as designações nacionalistas estarão Laura Raffo para a Antel, Darío Castiglioni na UTE, Jorge Gandini na ANP, Federico Daverede na CARU e Juan Curbelo na CARP. Outros nomes em consideração incluem Martín Fernández e Richard Charamelo para posições no BROU e Ursea, além de Nicolás Martinelli para o Tribunal de Contas, embora sua aceitação ainda não esteja confirmada.

No âmbito do Partido Colorado, confirmou-se que Germán Coutinho do movimento Vamos Uruguai assumirá a Ancap, enquanto o mesmo grupo indicará Max Sapolinski como ministro do Tribunal Eleitoral. O setor liderado por Gabriel Gurméndez designará representantes no Instituto de Colonização, e o grupo Cidadãos terá presença na AFE.

O setor de Andrés Ojeda garantiu representação na OSE e no Banco Central, onde fontes internas indicaram a designação de José Amy e Julio Luis Sanguinetti. O grupo Crescer, de Robert Silva, terá presença no INUMET.

Por sua vez, o Cabildo Aberto indicará Marcos Laens para o Banco Hipotecario del Uruguay (BHU) e Marcos Methol para a Comissão Mista do Rio Cuareim.

Esta redistribuição de poder nas empresas estatais marca um importante capítulo na nova configuração política do Uruguai, evidenciando o peso da oposição mesmo diante do governo Orsi, em um claro reflexo do sistema de contrapesos institucionais que caracteriza a democracia uruguaia.