Galípolo alerta para inflação disseminada e impacto da desvalorização do real na alimentação

Galípolo alerta para inflação disseminada e impacto da desvalorização do real na alimentação

Presidente do Banco Central destaca que depreciação cambial pressiona preços dos alimentos, exigindo atenção redobrada da política monetária

Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira (22), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, expressou preocupação com a disseminação da inflação no Brasil e os efeitos da desvalorização do real sobre os preços dos alimentos.Ele enfatizou que a inflação não é pontual, mas está espalhada por diversos setores, incluindo bens industriais e serviços.

Galípolo destacou que a alimentação no domicílio é particularmente afetada pela depreciação cambial.Segundo ele, uma desvalorização de 10% do real pode aumentar a inflação dos alimentos em até 1,4 ponto percentual.Isso ocorre porque uma parcela significativa da produção agrícola brasileira depende de insumos cotados em dólar, como rações, fertilizantes e combustíveis.

O presidente do BC também alertou para a desancoragem das expectativas de inflação, que já vinha ocorrendo em 2023 e se intensificou para os anos seguintes. Ele ressaltou que, em momentos de aversão ao risco, é comum que bancos centrais de economias emergentes mantenham juros elevados para conter a desvalorização de suas moedas, mesmo em cenários de desaceleração econômica. ​

Galípolo utilizou uma metáfora para descrever o papel do Banco Central: "Quando a festa está ficando muito aquecida e o pessoal está subindo em cima da mesa, tira a bebida da festa. Mas também quando o pessoal está querendo ir embora, você fala: 'fica, está chegando mais bebida, fiquem tranquilos, vai ter música, podem continuar na festa'. Então você tem esse papel meio chato de ser o cara que está sempre na contramão". ​

A fala de Galípolo ocorre em um momento em que o IPCA acumulado em 12 meses está em 5,48%, acima do teto da meta de inflação de 3% estabelecida para 2025. A persistência da inflação e a desvalorização do real representam desafios significativos para a política monetária brasileira, exigindo medidas eficazes para manter a estabilidade econômica.

Vitor Polinski

Vitor Polinski

Vitor Gabriel Polinski é Sócio e COO da Libertom LLC, além disso é redator da Libertom News, trazendo análises aprofundadas sobre liberdade financeira, tecnologia e mercados digitais. Com experiência em marketing estratégico e gestão empresarial, seu foco é traduzir temas complexos em insights acessíveis, conectando inovação e conhecimento para a nova economia.