Dependência da China Expõe Riscos e Oportunidades para o Brasil, Alerta Ipea

Dependência da China Expõe Riscos e Oportunidades para o Brasil, Alerta Ipea

Estudo destaca que vulnerabilidade brasileira diante da China pode se tornar estratégica em cenário global marcado por novo protecionismo

A crescente dependência econômica do Brasil em relação à China apresenta riscos significativos, mas também abre oportunidades estratégicas em meio ao aumento global de políticas protecionistas. A conclusão faz parte de uma recente análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revelada durante evento da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), em São Paulo.

Renato Baumann, economista do Ipea, ressaltou que, atualmente, aproximadamente 40 mil empresas brasileiras dependem de importações da China, enquanto apenas cerca de 3 mil empresas nacionais conseguem exportar para o país asiático. Essa disparidade reflete uma vulnerabilidade comercial, especialmente preocupante diante das tensões comerciais internacionais.

"A dependência em relação à China é uma exposição significativa para o Brasil, especialmente quando consideramos possíveis mudanças nas políticas comerciais ou flutuações na demanda chinesa. Contudo, esta relação pode ser explorada como uma vantagem estratégica frente às políticas protecionistas crescentes, especialmente aquelas advindas dos Estados Unidos", afirmou Baumann.

A análise também destacou que, embora o Brasil possua uma participação relativamente baixa no comércio global, cerca de apenas 1,5%, o país mantém uma posição crucial devido à sua importância na produção global de alimentos e energias renováveis. No entanto, Baumann alertou para o enfraquecimento do Mercosul como plataforma de integração regional eficaz, indicando uma necessidade urgente de reposicionamento estratégico.

"O Mercosul vem perdendo dinamismo, e a percepção das vantagens da integração econômica entre seus membros diminuiu. O Brasil precisa avaliar alternativas viáveis que ampliem sua influência comercial e geopolítica", explicou o economista.

Em meio a esse cenário, o fortalecimento das relações com blocos como BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e o G20 é visto como essencial para o Brasil mitigar os riscos do crescente protecionismo e expandir suas oportunidades de comércio e investimentos internacionais. Contudo, o processo de adesão plena do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) encontra-se praticamente estagnado, gerando preocupações adicionais quanto ao futuro das relações internacionais brasileiras.

Diante dessas circunstâncias, especialistas sugerem que o Brasil adote uma postura mais proativa em negociações internacionais, buscando diversificação de mercados e redução da vulnerabilidade a choques externos. Tal estratégia ajudaria o país a navegar com mais segurança pelas águas turbulentas do atual cenário econômico mundial, onde a dependência da China pode tanto expor fragilidades quanto proporcionar caminhos valiosos para o crescimento sustentável.

 

Vitor Polinski

Vitor Polinski

Vitor Gabriel Polinski é Sócio e COO da Libertom LLC, além disso é redator da Libertom News, trazendo análises aprofundadas sobre liberdade financeira, tecnologia e mercados digitais. Com experiência em marketing estratégico e gestão empresarial, seu foco é traduzir temas complexos em insights acessíveis, conectando inovação e conhecimento para a nova economia.